Urussanga - Enoturismo em Santa Catarina
- amigasestradeiras
- 20 de mai. de 2020
- 9 min de leitura
Urussanga – 25 e 26 de Janeiro de 2020
Enoturismo em Santa Catarina
Logo no início do novo ano, as estradeiras já estavam se coçando em busca de um destino para passear. Navegando pelo mundo virtual, deparamo-nos com a propaganda da Vindima Goethe em Urussanga, que é a época da colheita das uvas lá plantadas, que acontece por umas 4 semanas, entre os meses de janeiro e fevereiro. Foi uma luta contra o tempo. Era quinta-feira e no dia seguinte já tínhamos nos organizado com as famílias e o trabalho. Começaram então os contatos para reserva de hotel e dos eventos que acontecem nas vinícolas durante os fins de semana. Por fim, conseguimos agendar tudo para o fim de semana seguinte, 8 dias adiante.
Saímos de Blumenau às 5:30h da manhã de sábado e chegamos em Urussanga às 10:30h, percorrendo nesse tempo os 320 km que separam as 2 cidades. No caminho fizemos uma parada de uns 20 ou 30 minutos em Paulo Lopes, mais precisamente no Engenho Lanches, às margens da BR 101, para esticar as pernas e tomar um bom café. Indicamos muito essa parada, que tem uma grande estrutura, com ótimos lanches, venda de vários produtos, além da atração do local que são os bois de estimação, que já fazem parte da família há muitos anos. A visitação é aberta ao público e para vê-los atravessamos uma passarela sobre o rio cheio de peixes. Bem legal!


A cidade de Urussanga tem cerca de 21000 habitantes, foi colonizada por italianos e fundada em 26 de maio de 1878. É conhecida como o Vale da Uva Goethe, pois essa variedade da uva encontrou ali o clima perfeito e já vem sendo cultivada há mais de 100 anos. São várias vinícolas espalhadas pela região e na época da vindima elas oferecem programações especiais. Nossas impressões foram de um município pequeno, muito ordeiro, povo caprichoso e receptivo. Comemos bem, ficamos bem acomodadas, fomos em lugares muito bacanas, tudo por um valor realmente justo. Ficamos admiradas com o bom número de hotéis e de opções de gastronomia para uma localidade tão pequena. Sentimo-nos em casa e recomendamos esse passeio pra quem gosta de vinho e calmaria.

Nossa primeira parada, depois de dar um “giro” geral pelo pequeno centro, foi na Praça Anita Garibaldi. Pudemos observar muito casario histórico no entorno, alguns que inclusive são usados pelo comércio, além do chafariz que é o Monumento aos Imigrantes Italianos e ao Fundador, o engenheiro agrimensor do Império Sr. Joaquim Vieira Ferreira. Na praça, bastante arborizada, também tem um pequeno coreto onde, naquele dia, encontramos um membro da Secretaria de Turismo da cidade conhecido como “Possante”. Ele nos deu dicas bem legais dos lugares a serem visitados, dos restaurantes, das vinícolas e dos horários de funcionamento. Ficamos gratas!



Em seguida fomos conhecer a vinícola Casa Dell Nonno, que, pelo que nos informaram, iria fechar ao meio-dia. Fomos atendidas pelo Matheus, integrante da família Damian, esta que há mais de 42 anos se dedica ao negócio da vitivinicultura. O imóvel é um charme à parte, com lindas janelas de vidro espelhado verde, um pequeno deck de madeira e um tímido parreiral ao lado. O interior tem fotos da família e deliciosos rótulos de vinhos, sendo tintos, brancos, sucos de uva, além do primeiro espumante Goethe do mundo. Delicioso! Após a degustação, começaram as compras que no final da viagem lotaram o carro.



Para o almoço escolhemos o Restaurante Piatto D’Oro que servia comida típica italiana, no Buffet livre ou por peso, num ambiente amplo e aconchegante. No período da noite também servem pizzas que, pelos comentários, são muito saborosas. Comida boa e preço honesto. Saímos satisfeitas!


Em seguida fizemos check-in no hotel que havíamos reservado previamente, o Hotel Contessi. Excelente estrutura, estacionamento próprio, quarto grande e espaçoso, camas macias e toalhas branquinhas, banheiro igualmente amplo, chuveiro muito bom. Além disso, o café da manhã foi bom e saboroso, sem deixar de citar o pessoal da recepção que foi muito compreensível e prestativo. Nota 10!


Depois de um banho e breve descanso, fomos conhecer a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, um templo católico que fica em frente à Praça Anita Garibaldi. Que obra maravilhosa, em todos os sentidos! Por fora robusta e imponente e por dentro toda a delicadeza de maravilhosas pinturas, com cores suaves, harmonizando a aura do lugar. Deve ser difícil assistir uma missa ali sem se desconcentrar olhando pro teto. Guarda uma réplica original em gesso da ‘La Pietà’ de Michelangelo, que veio do Vaticano como presente dado pelo Papa Paulo VI em 1978, em comemoração ao centenário da cidade. O altar é muito rico em detalhes e todo o ambiente é realmente convidativo ao encontro conosco mesmos e com Deus. Andando pelo pátio nos deparamos com uma pequena gruta, onde algumas pessoas faziam suas orações também. A enorme escadaria em frente ao templo, completa o cenário de imponência no centro da cidade. Visita obrigatória!




Nosso próximo compromisso foi na Vinícola Trevisol, onde tínhamos agendado para participar do ‘merendim’, que foi uma espécie de café colonial no campo, quase como um piquenique, em lembrança ao lanche que os trabalhadores faziam nos parreirais. Recebemos cestas com produtos variados, caseiros, como pães, cuca, queijo, geléia e muito suco de uva. Estendemos toalhas no chão, num pasto, ao lado de um lago e na sombra das árvores e lanchamos ao som de música italiana. Nós e todas as demais pessoas que haviam feito a reserva, em torno de 40 talvez. A comida que sobrou foi embalada e podíamos levar conosco. Depois disso, tivemos acesso ao interior da sede da vinícola, onde um jovem membro da família Trevisol, trajado tipicamente, explicou brevemente sobre a história do local e o método de fabricação e envase dos vinhos e sucos ali produzidos. A Vinícola Trevisol foi fundada formalmente em 2002, porém a família já vinha produzindo vinhos de forma colonial desde o século XIX. Em seguida, participamos da degustação e logicamente ficamos animadas pelo efeito. Compramos mais alguns vinhos e sucos para aumentar o estoque e saímos de lá felizes da vida.






Na saída da vinícola, paramos para fotos em frente à Capela de Santo Antônio, que é uma belíssima igreja em estilo bizantino, construída em 1935. Estava fechada para visitação mas, mesmo de fora, chamou a atenção o belíssimo vitral na entrada do templo. Como a tarde estava findando, a luz estava perfeita e rendeu lindas fotos. As estradeiras tem uma grande queda por igrejas e templos religiosos. As torres, os sinos, os afrescos, a arquitetura, fazem nosso coração cristão palpitar empolgado. E, de brinde, logo em frente à igreja tinha uma casinha muito antiga, porém atrativa, que não pudemos deixar de registrar.



Urussanga tem vários exemplares de casario histórico espalhados pela cidade. Então, antes de sairmos para jantar, fomos dar uma volta e fazer fotos de algumas dessa casas. Assim como as igrejas, essa arquitetura centenária também sempre nos impressiona.


Para o jantar, escolhemos a Lanchonete Papos e Tragos que ficava muito próxima do hotel, sendo que fomos a pé mesmo. O local é bem simples e informal, tinha música ao vivo, o cardápio de comidas é super diversificado, com lanches, pizzas, petiscos e até fondue. As opções de bebidas também eram variadas e o atendimento foi eficiente e cordial. Caso você prefira um local mais intimista e elegante, a cidade oferece 2 pubs que nos foram bem recomendados. Mas, como não queríamos estender muito a noite, devido ao cansaço da viagem, preferimos ficar por perto do hotel mesmo.

Na manhã de domingo, logo após o café, seguimos para a Vigna Mazon onde tínhamos outro programa agendado. Essa vinícola fica no bairro São Pedro, um pouco mais afastado do centro, mas não é nada difícil encontrar os locais na pequena cidade. Esse local já é bem mais estruturado turisticamente falando e tem um complexo bem projetado. Inicialmente, junto com outros visitantes, fomos conhecer o parreiral anexo, munidas com cestas e tesouras de poda pra colher uns poucos cachos de uva que pudemos saborear.


Saindo do parreiral fomos pisar as uvas em tonéis de madeira, lembrando um método de produção de vinhos muito rústico e antigo. Embaladas ao som das músicas italianas, pisamos as uvas com vontade e alegria, e a sensação foi muito, muito prazerosa. O toque das uvas geladinhas nos pés é inenarrável. E a maciez dos pés depois disso tudo, é inexplicável. Logicamente aquelas uvas não seriam usadas para produção de vinhos, mas sim como adubo nos parreirais, garantindo a acidez que o solo precisa para a planta render bons frutos.

Após o deleite de pisar as uvas, seguimos para a loja da vinícola, onde quem nos recebeu foi a dona Giselda, viúva de um dos fundadores. Ela própria contou sobre a história do local, uma propriedade rural de 35 hectares que começou a produzir vinhos e fundou a empresa na década de 70, passando a explorá-la turisticamente na década de 90. Dentro da loja tem um pequeno museu, com algumas peças que lembram o tempo dos colonizadores. A gama de produtos que produzem e comercializam ali inclui vinhos, sucos e espumantes, os quais pudemos degustar. Vendem também algumas outras peças e lembranças, como imãs e taças. Mais uma vez saímos com sacolas de compras.


Andando pela propriedade nos deparamos com o Capitel de Nossa Senhora Delle Grazie, que é uma santa muito venerada na região de Milão, na Itália. A cidade de Urussanga tem vários capitéis, que são mini capelas construídas geralmente em homenagem a alguém que já morreu, em cujo pequeno altar fica o santo de devoção dessa pessoa. Muito gracioso!

Para entreter os visitantes, além da música ao vivo, o local também contou com a presença das Manas Bonetti e do pintor Breno Stern. As primeiras são duas irmãs gêmeas urussanguenses, artistas que durante três anos freqüentaram uma escola na Itália e se especializaram em mosaicos. No retorno ao Brasil, em 2015, abriram o Studio D’Arte, numa antiga casa de pedra tombada como patrimônio histórico, ali mesmo em Urussanga, onde ensinam a sua arte. Na vinícola ofereceram oficinas para crianças e adultos, onde você podia montar seu próprio mosaico com a supervisão e auxílio delas. Muitíssimo talentosas e queridas! Já o segundo é um artista plástico e professor de artes, que trabalha com várias técnicas, dando preferência ao estilo figurativo. Se você tivesse 20 ou 30 minutos de tempo, ele fazia o seu retrato ali na hora. Além disso, também vendia desenhos já prontos, de tamanhos diversos. A estradeira Andréa comprou o seu, pintado com lápis de cor da República Tcheca, para enfeitar a parede do seu quarto.


Além de tudo isso, também tinha venda de uvas em caixas, doces, bolachas e um pouco de artesanato.
O almoço também estava incluso no nosso pacote, portanto, assim que a sineta anunciou a liberação do mesmo já nos direcionamos ao Buffet, repleto de delícias da culinária italiana, acompanhado de sobremesas tradicionais como o sagu com molho de baunilha. Tinha muita gente na vinícola neste dia, pois eles recebem muitos ônibus de turismo com visitantes de vários lugares do Brasil.

Logo após o almoço, seguimos para fazer o check-out do hotel, pois nosso tempo já havia estourado. A moça da recepção foi muito compreensiva e, pelo valor de uma pequena taxa, estendeu nossa estadia por mais uma hora, o que nos deixou muito gratas. Fazia muito calor e ter tempo para tomar uma ducha nos revigorou.
Com o carro lotado, seguimos até a Comunidade do Rio Maior, para conhecer a Igreja de São Gervásio e Protásio, que foi fundada em 1912 e hoje é tombada como patrimônio histórico do município e do Estado.
Ela é toda construída em pedra arenito e é a única do gênero no estado de Santa Catarina. As robustas portas de cedro, pintadas com cores vivas, completam o visual encantador. Estava fechada para visitação, mas só vê-la por fora já valeu a pena.


Fomos conhecer também a antiga Estação Ferroviária, edificada na primeira metade do século XX. Hoje em dia ela abriga o Centro de Informações Turísticas e a Associação de Vinicultores da região. Um passeio de Maria Fumaça movimenta o antigo terminal ferroviário algumas vezes por ano. Aproveitamos para fazer fotos divertidas nos trilhos do trem, sempre prestando atenção ao apito sonoro que não soou.

Diante do calor que fazia, paramos numa sorveteria da Skimó, que era adaptada dentro de um container e nos refrescamos tomando um sorvete. As últimas fotos, antes de deixar a cidade, foram feitas no portal, que foi construído em 2008.
Já no caminho de volta, na cidade vizinha de Cocal do Sul, paramos no Feirão de Malhas Roluza, onde adquirimos peças bacanas por preços bem camaradas. Nossa parada para jantar foi novamente em Paulo Lopes, dessa vez na Parada Penha, onde forramos nosso estômago para agüentar as horas de viagem. Sendo um fim de semana de muito calor, em pleno janeiro, é óbvio que pegamos muito movimento na BR 101, o que atrasou nossa volta. Mas nada que tirasse nosso ânimo, sendo que voltamos já pensando nos próximos passeios.
Um abraço das estradeiras... e até a próxima!
Dica: caso você precise de ajuda para organizar seu passeio por Urussanga, a ‘Rota Ecoturismo e Aventura’ pode lhe ajudar. Inclusive eles estavam juntos na organização de toda a Vindima Goethe.
Links úteis:
Amei o post de vocês, muitas dicas boas e cheias de entusiasmo, estou ansiosa para conhecer urussanga mas agora no inverno por que no verão o calor mata kkkkk. Um grande abraço a vocês três meninas e continuem viajando. 🤗🥰
Com carinho Márcia Pfleger