Conhecendo a simpática Morretes
- amigasestradeiras
- 20 de set. de 2024
- 7 min de leitura
Morretes, 07 e 08 de setembro de 2024
Passeio no feriado da independência
Para nós, estradeiras que trabalham no ramo do comércio, feriado que cai num sábado é muito útil, sim. Decidimos de última hora, por esse destino que já estava nos nossos planos faz tempo. Imaginávamos que seria bom, mas foi muito melhor do que nos nossos pensamentos. Saímos de casa às 5h da manhã, com o dia ainda escuro, mas prometendo um fim de semana de sol e calor. São cerca de 270km que separam Blumenau de Morretes, mas fomos sem pressa, parando para lanchar e abastecer o carro, realmente curtindo o passeio.
Morretes é uma cidade histórica e turística, com menos de 20.000 habitantes, fundada por jesuítas em 1733, situada entre a Serra do Mar e o Litoral do Paraná. Charmosa por natureza, tem belíssimos casarões preservados, praças arborizadas, o Rio Nhundiaquara que corta a cidade, feirinha de produtos diversos, belíssimas igrejas, além de muitos restaurantes que servem o tradicional barreado, típico da região. Pode ser acessada por rodovias, mas muitos optam por chegar de trem, pela ferrovia que liga Curitiba-Morretes-Paranaguá.



Nós optamos por ir pela rodovia, mais precisamente pela Estrada da Graciosa, como é conhecida a PR 410. Essa estrada, cujas primeiras notícias datam do século XVIII, tem 28,5 km de extensão, atravessa a parte mais preservada de Mata Atlântica do Brasil e foi caminho dos tropeiros. Tem um belo portal, com ponto de parada para lanche e venda de artesanato, e ao longo do percurso encontramos vários recantos com estrutura de lazer e mirantes. Em vários trechos o calçamento é de pedras e em outros a via é asfaltada. A dica aqui é que todos os parafusos e componentes do seu carro estejam bem fixados, pois foram em torno de 8 calotas de veículos que vimos perdidas pelo caminho.


Chegando na cidade, logo avistamos a antiga Igreja de São Benedito, que foi nossa primeira parada. Sua construção se deu entre 1865 e 1895, em alvenaria mista de pedra e tijolo. Sem luxo, mas com traços minimalistas que encantam, no altar há um grupo de imagens de diferentes épocas, sobressaindo-se entre todas a do padroeiro São Benedito. Já começamos a viagem com louvor e gratidão!




Seguindo, logo chegamos no centrinho e também já localizamos a pousada que havíamos reservado, a Casa 1915. Extremamente bem localizada, perto de tudo que nos interessava, estacionamos o carro em frente e só tiramos no dia seguinte, na hora de ir embora. E o que falar desse local? Abrigada num antigo casarão de dois pavimentos, prédio tombado pelo Patrimônio Histórico, o ambiente mescla antigo e moderno de uma maneira impecável. A recepção já é um encanto, muito bem decorada, com paredes adornadas por lindos quadros pintados por um artista local, móveis bem dispostos que trazem sensação de aconchego e um atendimento impecável e atencioso. Nosso quarto triplo não era muito grande, mas tinha tudo do que precisamos... bom chuveiro, frigobar, tv. O café da manhã, muito bem servido, é exclusivo aos hóspedes até um certo horário e depois abre para também atender ao público.




Essa sala do café, anexa à recepção, é chamada de ‘Meu Pé de Serra Café’, onde no sábado de tarde também experimentamos deliciosas tortas e sanduíches. Fica registrado nosso agradecimento especial à Dulce, que foi muito gentil e solícita conosco em todo o nosso tempo na pousada!


Para o almoço desse dia, seguindo dicas de pesquisas anteriores, e atendendo ao chamado do ‘promoter’ do local, escolhemos o Restaurante Casa da Praça. Abrigado num lindo prédio de cor verde, com ambiente muito confortável e atendimento eficiente, trabalham no sistema de bufê livre ao preço de R$ 59,90 por pessoa. Achamos muito interessante pois, dessa forma, além de comer o tradicional barreado, pudemos complementar o prato com outras receitas, como o bobó de camarão, risoto de alho poró, entre outras carnes, acompanhamentos e saladas. Uma comida saborosa, bem temperada, que deixou as estradeiras bem felizes. Pra quem não conhece, o barreado consiste numa carne bovina cozida em panela de barro por várias horas, de forma que ela finaliza desfiada num molho, servida com arroz, banana e farinha. Muito gostoso!




E o comércio de Morretes? Digamos que é de encher os olhos e esvaziar os bolsos! Além de muitas lojas de artesanato, nos fins de semana acontece a feirinha local, montada no centro, às margens do rio, ao redor do coreto, circulando a praça. São várias barracas e lojinhas que vendem artesanato, tapeçaria artesanal, muita bala de banana, licores de sabores diversos, cachaças que inebriam tanto quanto a atmosfera alegre do local. Tem muita cor, tem música, tem diversidade, parece que tem encantamento. São artistas pintando quadros às margens do Nhundiaquara, enquanto se ouve o apito do trem, ou o sino da igreja, ou a música da ‘Banda Toca Nada’, mas que anima tudo. Descrever isso no papel é difícil, tem que sentir pra entender. Até mesmo as fotos mostram muito pouco do que a cidade oferece. Numa dessas lojas, a ‘Sorria, você está em Morretes’, fomos atendidas pela Letícia, que foi de uma simpatia ímpar e pra quem deixamos aqui o nosso abraço.





A parte gastronômica também tem forte apelo, com muitos restaurantes que servem a comida regional, mas também casas de massas, hamburguerias. Como fez muito calor nesse fim de semana, nada melhor do que experimentar os sabores diferentes de sorvetes, nas diversas sorveterias artesanais da região. A dieta manda um ‘salve’. Salve-se quem tiver juízo! Nós não tivemos!

Depois de um banho revigorante e um pouco de descanso na pousada, saímos para jantar. Nossa intenção era ficar no Pátio Morretes, que fica bem próximo da pousada. É um pequeno complexo de comidas, onde tem lanches, pizzas, chopp, música ao vivo. Uma árvore no centro do pátio, iluminada por luzes amarelas, dá um charme e cobre um pouco as mesas do local. Esse pátio é cercado por um muro bem antigo, com quase 50 cm de espessura, também tombado pelo Patrimônio Histórico. Ou seja, tudo ali tem história. É muito bem frequentado, tanto que não tinha mesas vagas, o que nos fez procurar outro lugar para comer.


Então escolhemos o Litoral Burguer, que não tinha um ambiente tão charmoso, mas mesmo assim nos serviu um hamburguer com batatas fritas muito saborosos, além de chopp geladinho. O atendimento foi um pouco demorado, pois o local também estava bastante movimentado, mas a comida é honesta e o preço foi justo. Tinha música ao vivo e muita animação nas mesas vizinhas. Vale a pena curtir a noite morretense!


Ao voltar para a pousada, perguntamos sobre um foguetório que presenciamos um pouco antes, e ficamos sabendo que no domingo, na igreja matriz, ia acontecer a festa da padroeira da cidade. Nós e nossas coincidências de presenciar as festas das cidades que visitamos, bem aleatoriamente, sem planejamento.
Então no domingo de manhã, depois de um bom café, seguimos justamente para conhecer a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto. Fomos cedo, antes da missa começar, para fazermos as fotos sem atrapalhar a cerimônia. Ao final da visita, ainda vimos a procissão com o andor da santa chegando, adornado por belas flores. Essa igreja, que fica num terreno elevado, teve o início da construção em 1812 e foi inaugurada em 1850. No seu interior, também minimalista, uma série de quadros pintados a óleo pelo pintor morretense Theodoro de Bona, retrata a via sacra. Mais um belíssimo templo que as estradeiras conheceram. E eles sempre nos encantam!




E depois de visitar a igreja, voltamos às compras. Entre essas, cachaças premiadas com medalhas em festivais, reconhecendo o sabor da bebida produzida pelas cachaçarias de lá, que são algumas. Vieram na bagagem também, quadro pintado por pintor local, além de artesanato e outras lembranças.



Continuando com as coincidências da viagem, noutra loja conhecemos o William, que durante 8 anos foi Cabo do 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau, sendo que seu primeiro filho inclusive nasceu em hospital daqui. Porém há alguns anos ele voltou a residir em Morretes, junto com a família, sendo que ele e o pai tem 2 lojas na região. Isso realmente prova o afeto que existe entre os estados de Santa Catarina e Paraná.



Nesse dia, para o almoço, escolhemos o Restaurante Moriá. Também com sistema de bufê livre, no valor de R$ 47,90 por pessoa, encontramos bem servidos o barreado e outras variedades de carnes e acompanhamentos. Diferente do restaurante do dia anterior, esse não tinha o ambiente tão atrativo, mas ainda assim a comida era honesta e saborosa, tanto que o local estava bem movimentado. A dica em Morretes é almoçar cedo, antes do meio-dia, pois com a chegada do trem, que é perto desse horário e traz muitos turistas, todos os lugares ficam muito concorridos.

Pós almoço, hora de fechar as malas e deixar a pousada. Antes da partida, um último sorvete pra aplacar o calorão que fazia, dessa vez na sorveteria D’Giopi, que oferece um variado bufê, onde você monta o sorvete do jeito que quiser, inclusive com opções de picolés sem lactose. Ela fica às margens do Rio Nhundiaquara e de sua varanda foi possível ver o pessoal se banhando nas águas do rio, aproveitando o dia quente e bonito que fazia.



Nossa última parada antes de iniciar o retorno pra casa, foi na Estação Ferroviária de Morretes, que é o ponto de chegada e partida do trem da linha turística Curitiba/Morretes. Foi inaugurada em 1883 e por volta de 1950 o prédio original deu espaço à estação atual, com características mais modernas, mas ainda com um toque vintage. O acesso ao interior do espaço só é permitido para passageiros, mas conseguimos retratá-lo pelas grandes portas do local.




Resumindo, Morretes tem história, tem arte, tem cultura e tem calor humano. Um prato cheio para as estradeiras, que amam tudo isso.
E assim encerramos mais um passeio, no qual rodamos 536 km, e novamente conhecemos pessoas e lugares que vão ficar guardados no coração; sempre muito gratas pelo privilégio de podermos viver essas experiências.
Obs.: nos trajetos de ida e volta, passamos por 5 pedágios, nos quais gastamos um total de R$ 43,40.
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